sexta-feira, 7 de março de 2025

Charlie Brown

Volta e meia eu vou postar aqui uma tirinha do meu personagem preferido dos quadrinhos: Charlie Brown, de Charles M. Schulz (1922-2000). Apesar do devastador baixo-astral que costuma afligir a alma torturada do personagem, Charlie Brown, o cabisbaixo, o tristonho, o rejeitado-mor, o coitadinho do "blockhead" (cabeça-dura) é da uma humanidade e de uma sinceridade assustadoras. Mesmo que ele seja uma negação em todo tipo de esporte, que ele não consiga sequer empinar uma pipa ou chutar a bola de beisebol (até porque a carrasca da Lucy não deixa), de ser um fracasso em termos afetivos - sua paixão pela "garotinha ruiva" jamais irá se consumar - e de ser o pior técnico do mundo, é impossível não se identificar com suas inquietações, suas perguntas sem respostas, seus dramas; Charlie Brown representa em cada um de nós a neurose do mundo cotidiano, nossos dilemas morais estão todos aqui. Trata-se mesmo de uma catarse coletiva; o amor não correspondido, a nota baixa na prova final, as derrotas seguidas no jogo de futebol, o momento crucial que vai por água abaixo por causa de uma palavra atrapalhada, o pânico que destrói a primeira e única oportunidade; Charlie Brown é a representação do nosso conflito existencial e é também a imagem das frustrações e desapontamentos pelos quais todos passamos na aventura de crescer. Mas nem tudo nessa história é depressivo ou patético. Os momentos mais divertidos e nonsense são garantidos pela presença do cão Snoopy, o beagle "quase humano" de Charlie Brown. Snoopy, também conhecido por aqui como "Xereta", é o anti-herói mais simpático do mundo dos Comics norte-americanos e, apesar ser às vezes presunçoso e arrogante.