
Jean-Pierre Gibrat, "Le Sursis"
Em vez de eu dizer o que eu penso, passo a palavra ao nosso amigo Pablo Neruda. Ele fala melhor do que eu.
PABLO NERUDA(RICARDO NEFTÁLI REYES, 1904-1973)
de "Crepusculário" (1923)
tradução por Aline Rabelo
SAUDADE - Que será... eu não sei... busquei
em certos dicionários poeirentos e antigos
e em outros livros que não me deram o significado
dessa doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que as montanhas são azuis como ela,
que nela empalidecem amores distantes,
e um nobre e bom amigo meu (e das estrelas)
a nomeia em um tremor de tranças e mãos.
E hoje, em Eça de Queiroz, sem olhar eu a adivinho,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma borboleta de corpo estranho e fino
sempre distante - tão distante! - de minhas tranquilas redes.
Saudade... Ouça, vizinho, sabes o significado
desta palavra branca, que como um peixe se evade?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
ai que saudades;;;
ResponderExcluir