Ontem (2o de agosto) fez um ano que fui a Faculdade de Letras pela última vez. Quem acompanha o Menino sabe o quanto eu gostava desse lugar. Sabe que lá eu fiz vários amigos, que vivi os melhores dias da minha vida; sabe dos apertos que enfrentei lá, das alegrias e tristezas que tive; sabe que eu amei e aprendi, que eu ajudei e recebi ajuda; que eu fui homenageado e execrado, que venci e que às vezes me rendi sem ter lutado. No dia em que voltei para rever tudo, um fato trágico aconteceu: o João Luciano, cadeirante, matou-se dentro de uma sala de aula, supostamente motivado pela paixão por uma professora do curso de alemão, uma de suas musas loiras. A "obcessão" pelas moças de pele clara era pública e notória no caso do João. Mas tirando essa "bizarrice", ele era um cara extraordinário, extremamente inteligente e sensível, apesar de algumas idéias um tanto quanto radicais; sentado naquele cadeira, havia um ser humano como qualquer um de nós, com todos os defeitos, mas com algumas qualidades que só ele tinha, o que o tornavam o que ele verdadeiramente era, sem a pecha do preconceito e da imbecilidade com que algumas pessoas se referiam a ele, justamente por não conhecê-lo direito. Um dos "universiotários" presentes à fatídica noite de 20 de agosto, na confusão em que se tornou o corredor, com o pessoal do SAMU, a polícia e os jornalistas, saiu-se com a seguinte pérola: "Se ele não morrer, o máximo que vai acontecer é ele ficar paralítico". Deu vontade de xingar o infeliz, mas eu fiquei calado. Não valia a pena discutir com o idiota.
Aquele dia não foi só esse episódio trágico, não. Revi várias pessoas queridas, fui celebrado e festejado por muitos, coloquei em dia várias "fofocas", matei a saudade de (quase) todo mundo. Gostaria de ter visto e de ter falado com uma certa pessoa, que não vi e com quem não falei.
Tudo isso fez um ano. Não sei se se repetirá. Não sei se as pessoas ainda estão lá.
oi olavo,
ResponderExcluiré, as coisas estão bem diferentes lá pelos lados da letras. até nosso amigo fez uma performance única: a trágica cena de crime passional contra si mesmo. desse episódio eu só fiquei sabendo, mas tb compartilho com vc os sentimentos confusos sobre o caso até hj.
pois bem, pessoas novas lugar espacial consequentemente novo. qd vou lá renovar matrícula encontro pouca gente conhecida. e aquele sentimento do milharal ser a estensão do quintal da nossa casa se esfumaçou e foi parar no quadro das boas recordações.
isso é nostalgia, meu amigo.
adorei o conto acima.
demais.
saudades olavo.
bjs