sábado, 29 de janeiro de 2011

sem título

Que seja fantasia isto que eu sinto
Mesmo que me cause dor e alegria
Que só me faça sentido sendo ilusão
Coisas reais foram inventadas pela imaginação:
Antes de existir avião
Ícaro voava.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

É BOM VIVER

A última vez que escrevi aqui (olhem no post anterior) foi em setembro do ano passado. Não que nesse período não me tenha acontecido nada digno de ser registrado, pelo contrário. Os últimos meses foram agitados e movimentados em minha vida, no mau e (mais no) bom sentido. O intervalo entre setembro e aqui, no que diz respeito a este blog, não foi aplicado em manter as postagens em dia por um único e simples motivo, que é um dos sete capitais: preguiça. Eu poderia justificar-me dizendo que tive dificuldades em me conectar, já que fiquei um bom tempo sem internet em casa, e gastar rios de dinheiro nas lan-houses por aí não era definitivamente uma boa idéia; falta de assunto, de novidades, de altas aventuras, também não foi por isso que não tive a boa vontade de sentar na frente de um computador e digitar meninohomem.blogspot.com. Foi por pura preguiça mesmo. Indolência. Se eu estou perdoado por isso, espero que ainda me seja permitido voltar a escrever nesse espaço. De setembro até aqui, como eu já falei, várias coisas aconteceram. Meu país agora é pela primeira vez governado por uma mulher; o crime organizado no Rio de Janeiro recebeu um duro golpe das forças de segurança do Estado; o povo se alimenta melhor, tem mais empregos, compra mais coisas, bugingangas eletrônicas, carros, sonha mais e mais realiza seus sonhos. Há um clima de euforia genaralizada, uma esperança que pode ser vista no olhar de todos. Mas ainda há tragédias, as naturais e as provocadas pela mão do homem, há a miséria, a mancha da violência, há o caos no trânsito, que atrasa a vida e às vezes a interrompe para sempre. Ainda se pode ver naqueles mesmos olhares a falta absoluta de esperança - é uma contradição, sim - a tristeza em ver o trabalho de uma vida sendo levado literalmente por água ou morro abaixo. Ainda há quem não pode comprar, mesmo o indispensável para apenas sobreviver, ainda há quem não tem o direito de sonhar. Quanto a mim, o mais relevante é que entrei na fase dos "enta", da qual eu provavelmente não vou mais sair, a menos que um dia ter mais de cem anos seja possível pra todo mundo. Estou me surpreendendo cada vez mais em como a minha filha está crescendo, em como ela é sensível, bonita e inteligente e cada vez mais (no bom sentido) esperta. O meu trabalho continua a mesma coisa, as pessoas nunca vão parar de ser multadas no trânsito e sempre será necessário notificá-las dos seus erros e exigir delas a reparação imposta pelo Estado. Falo em trânsito, falo da loucura que é circular por esta cidade, e eu mesmo fui "vítima" dele, o trânsito: a duas semanas, numa tarde de quinta-feira como esta, eis que eu estava na rua, em uma grande avenida da região Norte de Belo Horizonte, quando começou uma chuva torrencial. Do outro lado da rua, havia um abrigo de ônibus: querendo manter-me minimamente seco, a minha reação foi correr desembestado para baixo do abrigo. Só que entre o abrigo e eu havia o movimento dos carros. Não deu outra: um deles me pegou. A minha sorte é que o motorista teve o reflexo de frear bem em cima da minha pessoa. Eu fui atigindo lateralmente pelo automóvel (nem deu pra ver a marca). O saldo disso tudo foi, além do susto, uma escoriação no abdomen e ferimentos na mão esquerda, além de uma noite passada na emergência de um hospital público, onde eu vi todo o sofrimento humano: baleados, esfaqueados, politraumatizados, gente em ataque cardíaco, todo tipo de dor. Coisa que impressiona, choca, mas ensina que a vida é apenas uma e que tem muito valor. Já estou totalmente recuperado. E o carro escapou ileso. Bom isso já é passado.
Sinto falta de algumas coisas do meu passado recente, pessoas que eu gostaria de rever estão distantes, projetos que abandonei no meio do caminho eu queria retomar, se é que eles ainda possam ser retomados. Todo dia eu quero ir de novo aos lugares em que vivi, todo dia eu quero reencontrar e reatar os meu laços, os meus vínculos, os meus afetos. Todo dia eu digo que "daqui pra frente tudo vai ser diferente", mas aquele motivo lá do início deste texto me empurra pra trás e me faz ficar parado onde estou. Quem sabe agora?