terça-feira, 29 de março de 2011

AMOR NÃO TEM PREÇO

Recompensa de R$ 1.000 é oferecida para quem achar cão de morador de rua
O cachorro Neguinho sumiu quando Renato foi levado para um abrigo da prefeitura

Do R7, com Rede Record

Uma recompensa de R$ 1.000 é oferecida para quem encontrar o cachorro de um morador de rua na zona sul do Rio de Janeiro. O cão atende pelo nome de Neguinho. Renato, que vive numa praça em Ipanema, foi levado à força por uma equipe da prefeitura para um abrigo. Para não perder o melhor amigo, ele deixou o cão amarrado a uma grade, mas quando voltou, poucas horas depois, o animal não estava mais lá.

Uma moradora, que se solidarizou com o drama de Renato, decidiu ajudá-lo, mandou confeccionar os cartazes e prometeu ajudar com parte da recompensa de R$ 1.000.

- O Renato pegou o Neguinho com quatro meses. Então é um pai e um filho, uma relação muito bonita com o animal que é o nosso amigo mais fiel mesmo.

Quando voltou à praça, Renato soube que duas mulheres pensaram que o cãozinho estava abandonado. Elas chegaram a comprar ração e uma coleira nova para Neguinho e levaram ele.

Renato, que conseguiu um emprego e uma casa para morar, diz que ainda não deixou a praça com medo de o animal voltar.

- Já tinha perdido a minha família, tudo que eu tinha o governo já tirou e agora me tiraram a única coisa que era um apoio de vida, que fazia eu me sentir vivo, me sentir alguém. Oportunidade para subir na vida eu já ganhei, já está quase tudo pronto, mas se eu estou demorando a ir, é por causa do meu cachorro, sem ele eu não consigo.

domingo, 27 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

É BOM VIVER (2)

sábado, 19 de março de 2011

QUEM, COMO, ONDE, PORQUÊ?



Uma análise de CSI Las Vegas – Investigação Criminal.



"Se você quer pegar um rato, aja como um rato, e não como um gato". A frase dita pelo perito forense Gil Grissom (William Petersen), supervisor do turno da noite do Departamento de Criminalística da Polícia de Las Vegas serve bem para resumir o que um grupo de técnicos munido de sua parafernália tecnológica fazem para chegar às respostas das quatro questões propostas pelo título desse artigo: quem fez o quê, como conseguiu fazê-lo, em que lugar o fato concreto se deu, e que motivações – abertas ou ocultas – estavam em jogo no momento crucial do ato. Entender o criminoso – diz Grissom – é pensar como ele, é compreendê-lo até, e é interpretar seus sentimentos e motivos; antes mesmo de realizar o pré-julgamento moral que somos tentados a fazer diante de um criminoso, nós, "cidadãos de bem", deveríamos nos ater aos fatos concretos, entendê-los, saber como chegou o ponto em que alguém, em sua sã consciência, foi levado a cometer um ato lesivo à vida ou ao patrimônio de um semelhante. E chegar a estas respostas depende não só do emprego de meios fornecidos pela ciência e pela tecnologia, mas exige método, muita intuição, esforço, coragem, um pouco de sorte e uma boa dose de paciência.
Tudo começa no grande teatro de operações chamado "a cena do crime" ( é por isso que a série se chama Crime Scene Investigation). O local e seu perímetro é exaustivamente esquadrinhado, dissecado,fotografado, escaneado por engenhocas sofisticadas ou pelos olhos experientes, perspicazes e bem treinados dos CSI’s, que é como esses peritos forenses são chamados. Tudo para ver com os olhos do suspeito e da vítima, enxergar o que estes viram na hora do crime, colocar-se no lugar dos personagens da ação. Não se trata, porém, de voltar no tempo – algo fisicamente impossível, como observaria Grissom - mas de tornar a vivê-lo como no instante em que ele se deu e, de preferência, no lugar exato. Daí, cabe aos CSI’s colher em campo cada fiapo de informação que o local do crime pode fornecer para recontar a história, cada pedacinho de cada pequeno detalhe tem que ser cuidadosamente recolhido e etiquetado, classificado pela sua importância no contexto. Um caco de vidro, um toco de cigarro, um fio de cabelo, uma goma de mascar, um bilhete, uma carta, fluidos corporais no lençol da cama – sangue, suor, sêmen – podem indicar quem estava ali, e quando, e com quem, e sabe se lá fazendo o quê, até que o desenrolar dos fatos resultasse em homicídio, suicídio, furto, incêndio, faces do mal materializadas pela ação ou a omissão de um ser humano, contra si ou seus
semelhantes. Cabe a eles repetir os passos da vítima e do seu algoz, ouvir o diálogo que aconteceu então, reproduzir os gritos, as acusações, as recriminações, atirar de novo exatamente na mesma direção, se possível usando a mesma arma. E recolher os vestígios deixados pelo descuido do criminoso, como uma pegada no chão, uma marca de pneu no asfalto, uma faca suja de sangue na cozinha, pêlos no ralo do banheiro, restos de comida na lata de lixo da calçada. Depois, levar tudo isso
para o bem equipado Laboratório Criminal, onde aparelhos e produtos químicos com nomes complicados irão extrair daqueles objetos aparentemente inutéis a verdade sobre um crime, e a pista para chegar aonde o criminoso está. É no Crime Lab que o
"crime perfeito" começa a ser desmontado para ser recriado nos monitores de computador, na máquina que encontra em segundos a única combinação possível dentre milhões de perfis de DNA, e no AFIS, que encontra também entre milhões a digital que
corresponde exatamente àquela colhida na cena do crime. Com a identificação positiva em mãos, agora é só ir atrás do bandido, já que agora sabemos tudo sobre ele - onde mora, quem é e o que faz,e porque está fichado. É aí que às vezes nos surpreendemos com a revelação saída da máquina de DNA ou do AFIS. O criminoso, o bandido, pode ser de alta periculosidade, condenado e procurado em todo o país, ou pode ser aquele seu vizinho estranho, que não conversa com ninguém; pode ser alguém em quem você mais confiava, até mesmo alguém da família, seu pai, sua mãe, sua mulher, seu filho adolescente, sua filha querida. Às vezes você descobre que seu mais leal empregado está roubando o caixa, que seu melhor amigo está tendo um caso com a sua namorada, que seu marido está te traindo com a sua melhor amiga. E que cidadãos "acima de qualquer suspeita" podem se transformar em maníacos sanguinários, em habéis farsantes, em assassinos covardes; a máscara social de "cidadão de bem" cai por terra e revela a sua verdadeira face. Mesmo o pai de família que parece o mais dedicado pode às vezes se revelar um monstro: comete abuso sexual contra a filha no quarto do casal. A mãe super protetora, capaz dos maiores sacrifícios para proteger os filhos, pode estar nesse mesmo instante colocando veneno na comida deles. As pessoas de quem jamais esperaríamos tais atitudes acabam confessando diante do interrogador o segredo terrível, a falta grave, o desespero que levou a consequências trágicas, causou danos irreversíveis, muito desproprocionais ao agravo. Muitas vezes, uma pessoa, no auge da emoção, na violência da paixão, acaba por extravasar o pior de si: a sede de vingança, o egoísmo, a mesquinhez, a covardia, a possessividade muitas vezes confundida com amor.
A parte mais difícil e dolorosa do processo, aquela que nenhum dos profissionais gosta é a de ter que lidar com os mortos e a comunicar aos vivos a perda de seus entes queridos, é ter que levar o pai ou a mãe, a namorada, o amigo da vítima para
reconhecer o corpo - ou partes desfiguradas dele - guardado na geladeira do necrotério do Departamento de Polícia, uma etiqueta no dedão do pé com o nome ou, se desconhecido, apelidando-o de "John Doe" (fulano), número tal. As lágrimas, os gritos, os desmaios quando o funcionário do necrotério puxa a gaveta e mostra ao parente o corpo do seu ente querido, são de cortar o coração mesmo dos mais experientes. Ver inerte em uma bandeja fria de aço o menino alegre que acabara de ganhar o campeonato de futebol na escola, a garotinha do papai, a mulher da sua vida deve ser a pior experiência, ainda mais quando se sabe ou se desconfia que a morte foi provocada por alguém. Deve ser terrível para um pai ou uma mãe saber que aquela sutura em forma de Y no peito do cadáver do filho indica que os seus órgãos internos foram removidos pelo legista-chefe, à procura de algum indício que revele a COD (cause of death, causa da morte), à procura dos fragmentos da bala fatal, da substância venenosa, de alguma coisa que possa levar a quem fez aquilo. É em cima de uma mesa de aço, com serras elétricas para cortar a carne dos
cadáveres, pias e bacias para recolher e processar vísceras humanas, que a cara da morte se mostra.






O legista Robbins, um simpático e falante velhinho que usa muletas, mostra a Grissom num pedaço de cérebro, num coração recém extraído, numa amostra de tecido humano, a explicação científica sobre como a vítima morreu, por onde e como é que a bala entrou, qual pode ter sido a substância letal que a vítima ingeriu.
Grissom sempre diz a seus subordinados que eles são "a voz da vítima" e que, se os mortos não falam, mostram alguma coisa que pode ajudar a descobrir o que ou quem os matou. Se lutaram pela vida, se reagiram à agressão, deixarão nas suas vestes, nos seus objetos, no próprio corpo a marca do agressor: lesões de defesa, como arranhões e perfurações secundárias, não aquelas que efetivamente causaram a morte; traços do DNA do suspeito nas roupas, sob as unhas, numa taça, num guardanapo de papel, no
controle remoto da TV.Mas todas essas coisas - ou evidências, no jargão técnico dos peritos – e de novo citando o supervisor Grissom – são inúteis se não obtiverem o respaldo do rigor cientifico exigido pelos métodos da investigação forense, se as evidências não explicarem as impressões, se não houver uma correspondência unívoca e inequívoca destas em relação àquelas. Uma suposição – perigosamente eivada de "achismos" ou de julgamentos falhos e precipitados , às vezes até de preconceitos do próprio investigador– é totalmente inválida se não for submetida a rigorosos ensaios químicos, físicos e biológicos e enquanto não for demonstrado que de fato tem sentido, que aquela prova material, testemunhal ou circunstancial é definitiva e inquestionavelmente parte do cenário. No tribunal, diante de juízes e de promotores, uma prova material, por mais evidente que seja, pode ser sumariamente desqualificada se estiver contaminada pelo "ponto de vista" daquele que a coletou, se o crivo moral do investigador for mais importante que o objeto em si.
Quem faz esse todo trabalho é tão humano quanto o criminoso ou a vitíma, e é, apesar de toda a proficiência e treino, passível de cometer erros, de pôr tudo a perder por um deslize, de calcular mal. E os CSI's do nosso seriado são, antes de
tudo, gente de carne e osso; são heróis, mas não super-heróis: se levam tiros morrem, se caem da altura se ferem, sentem dor, ódio, compaixão, torcem o nariz diante de restos humanos em decomposição,choram e se irritam, não são indestrutíveis, não fazem os malabarismos inacreditáveis de outros filmes de "ação" que estamos acostumados a ver. E todos eles - já está na hora de apresentá-los - tem problemas.



Grissom, o supervisor, metódico, autocentrado e extremamente dedicado ao trabalho, quase perdeu a audição, por causa de uma doença hereditária; prefere a solidão de seu amplo apartamento em meio às suas estantes repletas de livros de entomologia, ao convívio com outras pessoas; por isso reluta em assumir de fato a paixão e a atração que sente pela subordinada, a CSI Sara Sidle (Jorja Fox), que também é apaixonada pelo chefe; mas esse relacionamento, contrário às normas do Departamento, tem que ser escondido de todos, custa a se estabelecer, a ser admitido por ambos, e sofre em silêncio a extrema dor de não poder ser aberto ao mundo. Sara, quando criança, viu a mãe esfaquear o pai até a morte, e até hoje vive com os fantasmas do passado; passou a infância e parte da adolescência em abrigos, e já teve problemas com álcool - uma vez foi pega no teste do bafômetro.



Warrick Brown (Gary Dourdan) é viciado em jogo (é uma tentação para ele viver em Las Vegas,onde em cada esquina há um cassino), toma um remédio para dormir e outro para manter-se acordado, e já se envolveu em um caso de extorsão com um juiz corrupto, além de ter que conviver com a culpa por ter não ter evitado o assassinato de Holly Gribbs, uma CSI novata que estava a seus cuidados. Warrick deixou a perita sozinha na cena do crime e foi jogar pôquer num cassino. O suspeito voltou ao local e atirou nela.



Catherine Willows (Marg Hengelberg) que já foi dançarina num clube de striptease, tem uma filha adolescente, um divórcio conturbado, um pai milionário (dono de cassino),suspeito de vários crimes; e, apesar de linda, nunca teve sorte com os homens.



O Detetive Jim Brass (Paul Guilfoyle), foi alvo de uma sindicância interna por que teria atirado num policial durante uma perseguição a ladrões de carro; divorciado, tem uma filha adolescente problemática, prostituída e drogada, e que o odeia mas fica de olho no seguro de vida do pai, quando este se vê entre a vida e a morte depois de ser baleado.




Nick Stokes (George Eads) o mais atlético e corpulento do grupo, ex jogador de basquete na faculdade, revela que foi vítima de abuso infantil por parte de uma babá; no trabalho, foi perseguido por um maníaco, foi enterrado vivo, acusado de matar uma garota de programa, e de deixar vazar uma investigação sigilosa do Departamento. Com tudo isso em seu desfavor, com os traumas e neuroses cotidianas que todos nós vivemos, seria de se esperar que a vida pessoal dos investigadores interferisse de maneira significativa no trabalho deles, chegasse a comprometer o resultado das suas diligências. E é isso mesmo que acontece: uma vez Sara é vista acariciando o rosto do chefe; isto é o bastante para um promotor colocar em dúvida toda a investigação; em outra ocasião, o vício em jogo de Warrick é questionado diante de um júri, e o todo o trabalho que o investigador teve quase demonstra-se inútil; Nick, que é o que mais toma as dores da vítima, muitas vezes chega a agredir um suspeito; mesmo Grissom, um dos mais respeitados e famosos criminalistas do país, tem sua credibilidade posta a prova porque, devido à perda progressiva da audição, não consegue entender a pergunta da promotora no julgamento; Catherine uma vez faz explodir o laboratório, simplesmente porque esquece uma substância inflamável perto de uma fonte de calor; interrogada, ela desabafa: passa dezesseis horas por dia no trabalho, quatro tentando dormir e as quatro restantes tentando controlar os impulsos da filha adolescente. Além disso, não pode investigar os crimes atribuídos ao pai. A complexidade dos dramas morais, afetivos e psicológicos dos personagens é o que os torna humanos como nós, e é o que faz nos identificarmos com eles; no entanto, o profissionalismo, a dedicação, o sentimento do dever, o esforço quase que sobrehumano falam mais alto que as dificuldades: horas e horas extras, dias de sono (eles trabalham à noite) perdidos, risco de morte iminente a cada novo caso, nada disso tira deles a vontade de descobrir a verdade, o amor pela justiça, o empenho para chegar aos culpados e fazer com que estes sejam punidos, para dar algum conforto espiritual aos que perderam um ente querido de forma cruel e trágica.

quinta-feira, 3 de março de 2011

ANTES DO DIA SEGUINTE

Antes foi o tempo de ser
o que se vai contar
Do que deixou para sempre de existir
só eu sei o que será
Quando um dia eu me lembrar
que não me esqueço.