terça-feira, 30 de setembro de 2008

PARA BALANÇO...

O blog Menino Homem está suspenso por tempo indeterminado...talvez para sempre.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

QUATRO NOITES DE UM SONHADOR


cartaz finlandês (!) da estréia de Quatre Nuits

É a mesma história recontada de outra maneira. Histórias de amor desiludido são, na verdade, todas iguais. De novo, temos um sonhador, que imagina ter encontrado, numa noite branca de inverno, a mulher de sua vida. Ela, como em Dostoiévski e Visconti, chora a saudade por aquele "outro qualquer", que um dia partiu com a vaga promessa de que um dia voltaria para levá-la dali, da sua vida oprimida, da sua existência privada de encantamento. Mais uma vez, o sonhador se compadece do drama da sua heroína; mais uma vez, ele se apaixona por ela e espera que o tal sujeito não apareça nunca, que seja apenas um fantasma, uma alucinação. Não estamos na São Petersburgo do século XIX e nem na Livorno dos anos 50, mas nas ruas de Paris dos anos 70. Os filmes de Robert Bresson e Luchino Visconti, o conto de Dostoiévski, a peça de Yara de Novaes (com a Débora Falabella)são, como eu falei, apenas maneiras diferentes de contar uma história. Talvez o jovem artista do longa de Bresson, o vagabundo da peça, o funcionário público (é o que eu imagino que ele seja) de Visconti sejam a mesma pessoa assim como a menina que se chama Nástenka, ou Marthe, ou Nastienka ou Natália ou seja lá que nome ela tenha. É o mesmo amor, é a mesma desilusão de ver o sonho de uma vida se desvanecendo na luz da manhã, depois de quatro noites de ilusão.

Quatro Noites de um Sonhador,Quatre Nuits d'un Rêveur; direçao por Robert Bresson França,1971,87 min. com Isabelle Weingarten, Guillaume des Forêts, Maurice Monnoyer, Lidia Biondi, Patrick Jouanné, Jérôme Massart, Giorgio Maulini

Vou postar mais tarde aqui os links para baixar Quatro Noites a partir do Rapidshare. A qualidade de som e imagem é sofrível, as legendas são em inglês, mas vale como registro histórico. Espero que alguma produtora nacional lance o DVD no Brasil...)
Conforme o prometido, eis os links (já falei que a qualidade é ruim, mas dá pra curtir...)

Download Links: Quatre Nuits D'un Rêveur
(aproximadamente 420Mb, no total)

http://rapidshare.com/files/34279507/RBresson-4nuits.part1.rar
http://rapidshare.com/files/34285487/RBresson-4nuits.part2.rar
http://rapidshare.com/files/34291426/RBresson-4nuits.part3.rar
http://rapidshare.com/files/34297192/RBresson-4nuits.part4.rar
http://rapidshare.com/files/34273444/RBresson-4nuits.part5.rar

sábado, 20 de setembro de 2008

COMPASSION

Els trabalha numa grande empresa e, nas horas vagas, dedica-se a recolher donativos para campanhas de caridade nas ruas de Bruxelas. Els anda pelas ruas balançando uma caneca onde as pessoas depositam moedas. Els vê todo dia um velho remexendo no lixo, às vezes catando restos de comida. Els sente compaixão. Els acha que deve, de algum modo, ajudar o pobre senhor. Um dia, depois de ser agredido por alguns rapazes (da janela do escritório, Els assiste a tudo) o velho deixa cair um par de sapatos que encontrara numa lixeira. Els decide seguir o velho, para descobrir onde ele mora. Els vai entrar, sem saber, numa viagem sem volta.

COMPAIXÃO (Compassion,Bélgica, 2006, 20 min. Direção por Tom Geens. Com Hilde Heynen e Paul Kenens. Legendas em inglês)

On S' Embrasse? (Can We Kiss?)

Faltam dez minutos para a audição da peça. Ela precisa repassar o texto. Na cena que ela vai representar, a mulher tem que dizer que "acabou", que ela "não o ama mais", enquanto o cara só repete, perplexo, "eu não entendo, eu não entendo". Mas faltam só dez minutos. Quem é que vai ajudá-la a repassar o texto? Aquele senhor sentado só ali no canto, cabisbaixo... "Por favor, senhor, será que dá pra me ajudar? Só cinco minutinhos...preciso repassar esse texto aqui... só pra ensaiar.... O senhor faz o Paul e eu a Julie... então vamos começar:

"Acabou, Paul, eu não o amo mais".

O homem repete as falas do personagem, interpreta na expressão do rosto alguém que realmente parece estar triste pelo fim de um romance, e que realmente não entende a razão; De repente, o homem sugere à candidata à atriz: porque você não diz isso sorrindo? Ele poderia bem ser o ator daquela peça, ou quem sabe esteja vivendo, na "vida real", alguma coisa assim...

ON S'EMBRASSE (uma produção de Les Films de L'Espoir "CAN WE KISS", França, 2001, 6 min, direção por Pierre Olivier, com Alice Carel,Jean-Luc Abel, Marie Parouty. Áudio em francês, legendas em inglês)

domingo, 14 de setembro de 2008

MOYA LYUBOV (MEU AMOR) DE ALEKSANDR PETROV

É um trabalho e tanto. O russo Aleksandr Petrov pintou a mão – literalmente – os mais de trinta mil frames dessa animação. Em vez de usar pincéis, Petrov desenhou com os dedos embebidos em tinta à óleo as imagens do curta-metragem “Meu Amor” (Moya Lyubov, no título original em russo) sobre placas de vidro que depois ele fotografava. Demorou três anos para finalizar o trabalho. O curta-metragem, com 26 minutos de duração, foi indicado ao Oscar em 2008 (Petrov já ganhara o prêmio dois anos antes, por sua belíssima adaptação do romance O Velho e o Mar de Ernest Hemingway) , e nos conta a história do jovem Anton, que tem 16 anos e todas as dúvidas e anseios e desejos dessa idade. Ele divide o coração entre a paixão por uma mulher mais velha, a misteriosa e voluptuosa Seraphima, e pela empregada da casa, Pasha, pobre e analfabeta, mas linda, pura, sensível e tão jovem como ele. São imagens oníricas, de uma beleza plástica impressionante – comparada às telas de Renoir e de Paul Cézanne–acompanhada por uma belíssima trilha sonora. O roteiro, adaptado da obra “Uma História de Amor” de Ivan Shmelyov, tem um quê de Turgueniev (lembra muito “O Primeiro Amor” ) e de outros romancistas russos.
Você pode assistir ao curta em três partes no Youtube (com legendas em inglês). A qualidade do vídeo não é lá essas coisas. Eu consegui baixar no formato de DVD no Emule e incorporei legendas em português.


Parte 1 (9min30s)



Parte 2 (9min26s)



Parte 3 (8min46s)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

ENSAIO SOBRE A GEGUEIRA


Clique na imagem para ver em alta resolução


baixe o trailer em alta qualidade aqui (173Mb,requer Quicktime Player)

Ensaio Sobre a Cegueira Blindness, 2008, Canadá/Brasil/Japão, 118 min. Direção por Fernando Meireles, inspirado em "Ensaio sobre a Cegueira", obra de José Saramago (Prêmio Nobel de Literatura-1998) com roteiro adaptado por Don McKellar. Com Julianne Moore, Mark Ruffalo, Don McKellar, Alice Braga, Gael García Bernal, Danny Glover, Yusuke Iseya, Yoshino Kimura. Trilha sonora original por Marco Antônio Guimarães/UAKTI. Lançamento nos cinemas no Brasil: 12 de setembro de 2008
Assista ao trailer por enquanto. Falo sobre o filme depois que eu assistir.

Visite o site oficial (em português)

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

OS FILMES

Assistir a um filme, uma interpretação imagética da fantasia e da realidade, uma representação da imaginação, a transposição da letra para a película, nunca foi para mim um mero entretenimento. Tá bom, tá bom, você vai dizer e eu sei que estou como sempre sendo radical em meus princípios. Afinal, o que é tem tem perder duas horas vendo bobagens na tela grande, só pra se divertir? Eu te explico: gosto de cinema, acho uma arte maior essa habilidade de criar a imagem para a palavra de um autor, concretizar a imaginação do roteiro, reinventar a realidade, tornar a fantasia possível, transportar-nos, por duas horas, para os nossos sonhos, tornando possível vê-los e entrar dentro deles. Assim é a experiência de um filme para mim. Eu preciso desejar ardentemente assistir a um filme, preciso esperar ansioso para que ele estreie, preciso do ritual de comprar o ingresso, sentar-me nas primeiras filas e absorver aquele momento me desligando completamente da vida lá fora. Só não quero ser confundido com esses cinéfilos chatos, que ficam debatendo a vazia questão da técnica que se sobrepõe à arte de contar uma história, que ficam discutindo essa ou aquela câmara, esse ou aquele plano, se o "travelling" coube ou não coube naquela cena. Me interessa apenas que o ator se entregue ao papel que representa, que seja o personagem, que o personagem pareça (que seja) de carne e osso, que seja real. É preciso que eu acredite que não é ficção, que não é imaginação, que depois que rolarem os créditos finais aquela pessoa continue a existir, para além da película, fora da sala escura, da tela retangular. Estou querendo dizer com isso é que um filme para mim tem que me despertar a imaginação, tenho que guardá-lo comigo como experiência por muito tempo depois de assisti-lo; preciso me apaixonar pela protagonista, preciso sentir o medo, o terror, a coragem, o amor, a dor, a força, preciso torcer pela vitória do bem contra o mal, pela reconciliação dos amigos, pela união do casal, pelo final feliz ou chorar o final triste para dizer que os 14 reais que paguei pelo ingresso foram bem empregados e as duas horas que fiquei no escuro valeram a pena.