sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

QUARTO DE DESPEJO

O subterrâneo do céu
Sob o chão dos teus pés
É minha atual habitação
No refugo do teu coração
Eu vivo
No porão do amor
Todos os guardados jazem esquecidos
E aquele mesmo retrato teu no meu sorriso
É desde então, um tempo já perdido,
Um rei que vive num asilo.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

30 de janeiro, Dia da Saudade



Jean-Pierre Gibrat, "Le Sursis"

Em vez de eu dizer o que eu penso, passo a palavra ao nosso amigo Pablo Neruda. Ele fala melhor do que eu.

PABLO NERUDA(RICARDO NEFTÁLI REYES, 1904-1973)
de "Crepusculário" (1923)
tradução por Aline Rabelo


SAUDADE - Que será... eu não sei... busquei
em certos dicionários poeirentos e antigos
e em outros livros que não me deram o significado
dessa doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que as montanhas são azuis como ela,
que nela empalidecem amores distantes,
e um nobre e bom amigo meu (e das estrelas)
a nomeia em um tremor de tranças e mãos.

E hoje, em Eça de Queiroz, sem olhar eu a adivinho,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma borboleta de corpo estranho e fino
sempre distante - tão distante! - de minhas tranquilas redes.

Saudade... Ouça, vizinho, sabes o significado
desta palavra branca, que como um peixe se evade?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A RUA


Meu assunto o dia todo são as ruas. É nela em que ocorrem as infrações de trânsito, tema cotidiano do meu trabalho. Ruas. Avenidas. Praças. Da minha cidade, eu as conheço quase todas, de tanto ter que me referir a elas na minha atividade diária. Digitadores me perguntam o tempo todo onde fica tal rua, se tal rua cruza com tal avenida, se o número tal fica num bairro ou no outro. Conheço-as intimamente, as ruas. Por algumas eu tenho uma relação de afeto, gosto de ir até elas, nelas passear. Desses lugares, que o Dicionário Houaiss define como uma palavra derivada do latim "ruga", "sulco" e que significa "via pública urbana ladeada de casas, prédios, de muros ou jardins", eu guardo muitas das minhas memórias afetivas da cidade, do que vivi em todas elas. Dia desses escrevi um texto chamado "As Esquinas" do qual reproduzo aqui um trecho: "A canção dos Beatles, “In My Life”, nos diz “(...) há lugares dos quais vou me lembrar por toda a minha vida”. (There are places I'll remember all my life). E é assim exatamente o que acontece comigo. Tem certos lugares em Belo Horizonte que fazem parte da minha história. Se eu voltar a eles pelos meus pés ou através do pensamento, todas as memórias daqueles tempos viverão novamente. Basta alguém mencionar o nome de uma rua, basta-me passar por uma esquina para que as lembranças me levem de novo aos momentos que ali vivi. Tenho a memória dos meus passos, sei de cor os caminhos que segui e por que razão estive lá"
(...)
Agora me lembro de uma canção de Djavan, chamada, não por acaso, "As Esquinas", que diz "só eu sei as esquinas que atravessei". Caminho por toda a cidade, algumas vezes sem saber porque ando tão longe de casa, sem o que procurar e sem urgências para resolver. Simplesmente saio de casa, e sigo por um caminho indeterminado, que vai sair em algum lugar onde eu jamais havia estado antes. Gosto de caminhar vendo o movimento incessante, caótico e contraditório, de sentir a pulsação da cidade. O burburinho e o barulho me atraem e me prendem como música, as cores das vitrines reluzem nos meus olhos, as revistas, as placas, os vestidos das moças, os edifícios que espetam o céu e furam o ar pesado, as filas das pessoas nos caixas dos bancos, nos pontos de ônibus, cada um em um milhão que vem e vão, cada um em seu universo, cada um uma cidade em si mesmo: tudo isso é interessante para mim, tudo me comove e espanta, e eu vejo isso como se nunca antes tivesse visto. No meio de toda essa profusão, de repente me interessa um ramo florido de um ipê teimoso em ser belo no meio da fumaça preta, do concreto sujo, do cartaz apelativo de um produto qualquer. Eu percebo o olhar de um mendigo, o olhar de um ser humano esquecido pela multidão e vejo nele alguém que se parece com todos, que se parece comigo, que é da mesma espécie que eu; eu paro para deixar o turbilhão passar, o cordão de monstros mecânicos, de máquinas de aço seguir seu curso rumo a tudo o que não é passado, em direção ao distante; paro para ver o trânsito que leva tudo necessariamente para o seu fim e termo. Paro e fico olhando e meu olhar se perde seguindo o andar de uma desconhecida que nunca mais vou ver, mas que por um instante é bela de se ver e que a outros olhares atrai. Olho a cidade ao redor e quase tudo me interessa, como se fosse uma criança que pela primeira vez fosse a um parque de diversões, como o enamorado que nunca antes havia visto o rosto da sua amada; na França, me chamariam "flaneür", esse tipo especial de andarilho, que vaga sem rumo, um ser errante, alguém que deambula pela cidade sem um propósito aparente, buscando não se sabe o quê em sua caminhada. Ele nunca anda apenas por andar, para simplesmente ir a um lugar determinado, com uma hora definida para estar lá. O destino é o caminho, o objetivo da busca é o caminhar, ir-se sem plano ou roteiro. Simplesmente sair à rua, como se isto o vivificasse. Acho que sou assim. A rua, em todas as suas particularidades, me atrai e fascina.
Estou para ler desde muito tempo o A Alma Encantadora das Ruas, do jornalista, escritor, cronista e acadêmico João do Rio, nascido João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (1881-1921). Já na primeira linha da obra, ele enuncia “Eu amo a rua”. João do Rio, ao morrer, foi “homenageado” com uma pequena rua em Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro; a rua foi batizada com o nome de Paulo Barreto, pelo qual também era conhecido o escritor. Pouco para quem faz uma louvação à rua, em todos os seus aspectos urbanísticos e sociais. Pois se trata mesmo de um estudo profundo e abrangente, não propriamente acadêmico, sobre este espaço tão peculiar de sociabilidade que é a rua. Entre duas esquinas, todas as manifestações do humano são possíveis: os anúncios, os gritos, a fala animada das turmas de amigos, os afagos dos casais – hetero e homossexuais – a pressa e a vagareza dos passos, o apelo do mendigo por uma moeda, o religioso que prega, e o bêbado que erra os passos; na rua se exalta, se ostenta, se arroga, a violência se impõe. Num ambiente quase saturado, finito e confinado, limitado por leis, demarcados os espaços, convivemos todos e todos nos enfrentamos, estranhos entre si, cada qual em sua própria idiossincrasia, cada um em sua rua particular. João do Rio olha a tudo isso com o olhar menos corriqueiro, que observa as minúcias, os detalhes. O “Alma Encantadora das Ruas” jaz inerte na minha estante, à espera de que eu ande pelas ruas do Rio de Janeiro do início do século XX como se eu lá estivesse ou lá vivesse, à época em que o livro foi escrito.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O SALVADOR DAS PÁTRIAS


charge de Duke, em "O Tempo" (21/01/2009)



"Yes, We Can".
Podemos?

A eleição do senador Barack Obama, 47 anos, o primeiro negro a ocupar a Casa Branca e um dos mais jovens a assumir o cargo tido como o mais importante do mundo, trouxe alento e esperança não só para os seus compatriotas, mas para quase o mundo inteiro. Antítese total do ocupante anterior da Salão Oval, ao contrário do atabalhoado e estouvado George W. Bush, autor de repetidas gafes, alvo da antipatia de quase todo mundo e tema predileto dos cartunistas, o simpático e carismático Obama está em lua de mel com a sua população. Por enquanto, exaltam-se as suas qualidades de excelente orador, de exímio articulador político, de ousado marqueteiro, de aglutinador de massas. Resta saber agora se, no dia a dia, recebidas as "heranças malditas" do(s) (des)governos anterior(es) Obama terá o mesmo jogo de cintura que exibiu no baile do dia da posse, se terá o mesmo dom de comover a todos com suas palavras bem redigidas e pronunciadas enfaticamente. O próprio Obama reconhece em seu discurso que os problemas e os inimigos são amplos e diversos. Obama sabe que o país que comandará nos próximos quatro anos estende sua influência política, sua força econômica e, principalmente, seu poderio militar, aos quatro cantos do mundo. Tudo que acontece nos EUA -de bom e de ruim - repercute em todo o planeta. Obama não pode ignorar que os EUA são responsáveis, pela sua política industrial e de meio ambiente, por boa parte do desequilíbrio climático que atualmente assola o mundo. Sabe que a Guerra no Iraque é um morticício inútil, que a situação só tende a piorar enquanto as tropas americanas por lá permanecerem. Obama deve conhecer muito bem sobre como o seu país interferiu nas questões internas de muitos países, quase sempre em nome dos interesses americanos. Obama sabe, sobretudo, que hoje em dia a crise bate a porta de seus compatriotas, toma-lhes as casas, os automóveis, a conta no banco e o emprego e tira-lhes o pão da mesa.
Mas que se acredite no que ele promete e propõe. Dê-se um voto de confiança ao jovem advogado de Chicago, ao jovem negro que fez o reverendo Jesse Jackson chorar ao anunciar "que na América tudo é possível", que evoca a memória de Martin Luther King e promete realizar o "sonho americano" da igualdade das raças. Os negros em toda a parte do mundo, do Brooklin a Soweto, já elegeram Obama como seu mais novo representante, como o mais novo abolidor, o messias tão esperado, o Dom Sebastião dos sonhadores, o Super Homem, o Salvador da Pátria. Obama, é claro, está longe de ser, sozinho, a solução de tudo. Dependerá muito de como ele e sua equipe conduzirão as coisas daqui pra frente. Vai depender de como os EUA vão propor saídas negociadas para os conflitos em que estão envolvidos. Vai depender da extinção de Guantánamo, de guardar os mísseis, de trazer seus soldados de volta para casa. Vai resolver se os americanos tiverem seus empregos outra vez, e a economia voltar a crescer, os pregões das bolsas de valores fecharem em alta, as automobilísticas pararem de demitir e de pegar dinheiro do governo. Isso tudo "dá pra fazer" como diria um político daqui de Minas que foi candidato a prefeito de Belo Horizonte.
Can We? Yes, We Can. (Podemos? Sim, Podemos). Se quisermos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

UM OUTRO EU

Ostento a margem escura do poema
Por onde transborda a lágrima
de uma triste cena
De uma beleza esculpida e calculada

Não, não é a minha
tristeza
(Mais funda)
que está escrita

O personagem da desventurada poesia
é um outro eu
que me contesta.

O TEMPO

Um dia, às quatro horas da tarde
voltou o tempo
Todos os relógios da cidade ficaram parados
Esperando você.

MINÍMA LÍRICA E OUTROS POEMAS

MÍNIMA LÍRICA

De um romance
caí para um soneto -
Parti de um épico
para chegar
às vias de fato:
não deu uma linha no diário.


DIZ O DITADO

cão que ladra morde a língua:
Braço torcido quebra.
E chumbo trocado
Dói em dois.

SABEDORIA POPULAR

Desconfia do que os olhos não vêem:
o coração sente sem saber
até saudade do que não deve ser e
amor pelo que não existe.
Perdido por um, perdido por nenhum
Ditado repetido
Pois assim remediado está o que não tem sentido.

MENOS AMOR

Descontada a raiva que eu senti naquela hora/sobra o amor que eu sinto agora/é amor menos a frustração e o desencanto/É amor subtraindo a solidão/Mas o amor não é menor por causa disso/apesar de tanto tempo
Se retirado o excesso de emoção que você chama de exagero/se for riscada do papel a cena de desespero/a fala do meu personagem é essa canção que faz silêncio.

sábado, 10 de janeiro de 2009

ME TELEFONA: "Chamada em espera"



Chamada em Espera (The Phone Next Door, Brasil, 2008, 5 min. Direção por Tatiana Maciel. Roteiro por Tatiana Maciel, Clarice Falcão e Dennis Neto. Elenco: Clarice Falcão e Pedro Gracindo. Canção original por Clarice Falcão. Trilha Sonora por Ricco Vianna e Toninho Van Anh.Project: Direct 2009 Finalist
)

(com informações do "UOl Celebridades")

Bonitinho essa curta. Mas o que eu mais gostei nele é de ver a linda Clarice Falcão atuando. Pra quem acha que conhece ela de algum lugar, ela é sim aquela Mariana, a garota rebelde filha da personagem de Lília Cabral na novela das oito, "A Favorita". Mas aqui trata-se de um trabalho autoral - ela assina o roteiro, junto com Dennis Neto e Tatiana Maciel e também é autora da canção original. Clarice, pernambucana de Recife, tem 19 anos e ganhou visibilidade na mídia após protagonizar o curta "Laços", de Flávia Lacerda, que venceu o concurso internacional "Project Direct", do site YouTube e do Sundance Festival, em 2007. Este "Chamada em Espera" é finalista da edição 2009 do concurso.

"ORQUESTRA VAZIA"


Flagrante da galera do escritório "abafando" no Karaokê na última festinha de Natal.

(com informações de uai.com.br/dzaí)

Deu no jornal: o Karaokê, aquela cantoria desafinada em cima de uma base eletrônica pré-gravada, foi eleita a pior invenção tecnológica de todos os tempos. A pesquisa, financiada pelo governo britânico, ouviu cerca de dois mil e quinhentos adultos. Quem é que nunca se irritou com aquele sujeito (em geral, já "calibrado") que assassina a sua canção predileta ao microfone do karaokê? Para Kane Kramer, diretor do Instituto Inglês dos Inventores, o karaokê merece mesmo o topo da lista. "Ele é anti-social. Você geralmente vê em karaokês a proporção de 10 pessoas que querem cantar para 150 pessoas que têm que suportá-las", diz. Essas quinquilharias eletrônicas são invasivas, incômodas, deixam de levar em conta que, a despeito do direito das pessoas de se divertir, também deve ser respeitado o direito dos outros de não ser incomodados. Claro que você vai dizer: os incomodados que se retirem. Aí poderíamos perguntar: mas porque uma pessoa tem o poder de expulsar o outro de um ambiente coletivo, em que todos foram convidados a partilhar um momento de descontração?
O Karaokê surgiu em 1971. A invenção odiada por alguns foi criada pelo japonês Inoue Daisuke. Ele combinou o aparelho de som de um carro com um amplificador e microfones. O nome significa “orquestra vazia”.
Falando em karaokê, lembra daquele "telegrama ao vivo" que é quando pára um carro de som na porta da pessoa que vai ser "homenageada" pelo seu aniversário ou por alguma outra data importante? Em alto e mau som, em geral com uma trilha sonora baranga, o "locutor" recita um texto pré-fabricado, tão brega quanto a música. Resta saber se o "homenageado" não morre de vergonha e não tem a tentação de romper imediatamente com o autor da "homenagem"...esse costume, para sorte de todos, tem andado meio fora de moda ultimamente. Certa vez, o então prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, disse que o telegrama ao vivo merecia "o prêmio Nobel da breguice" e estudaria tomar medidas para coibir a prática que, aliás, pode muito bem ser categorizada como poluição sonora.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

UM LUGAR NA PLATÉIA



No leve, divertido e despretencioso "Um Lugar na Platéia" (Fauteils d'Orchestre, França, 2006, 106 min, direção de Danièle Thompson) a jovem Jessica (Cécile de France) é uma mocinha do interior que parte a Paris determinada a conseguir emprego no luxuoso Ritz Hotel, lugar onde a sua avó(a atriz Suzanne Flon, morta em junho de 2005 e a quem o filme é dedicado) tinha trabalhado e sobre o qual sempre lhe contava histórias maravilhosas. Sem nenhuma prática no ramo, Jessica não consegue o almejado trabalho, vendo-se obrigada até mesmo a passar a noite vagando na rua. Depois de alguns dias perambulando pela cidade, Jessica consegue uma vaga de garçonete no pequeno Café dos Teatros, na avenida Montaigne, na chique região da Champs-Élysées, perto da Torre Eiffel. Ali, sob as ordens de seu mau-humorado patrão, a garota começa a conviver com a movimentada rotina do restaurante e seus freqüentadores. O café dos Teatros fica ao lado de um...teatro, de uma galeria de arte e de uma sala de concertos. É em meio a esse ambiente cultural que Jessica conhecerá três pessoas: Jean-François Lefort (Albert Dupontel), um pianista enjoado do falso glamour da carreira de astro da música erudita; Jacques Grumberg (Claude Brasseur), ex-taxista, agora um rico colecionador de obras de arte, prestes a se desfazer das suas obras prediletas; e Catherine Versen (Valérie Lemercier), famosa atriz de novela, em crise e cansada de sempre repetir os mesmos papéis. No dia 17, Lefort dará o que pode ser o seu último concerto; Grumberg vai leiloar sua coleção; Catherine vai estrear uma peça que pode significar seu reconhecimento como verdadeira atriz de teatro e de cinema. E a Jessica? Então, é ela que vai, de mansinho, com seu jeitinho acanhado e tímido, meio ingênuo e um pouco estouvado, envolver a vida de todos. A vida dela também pode mudar. Um Lugar na Platéia foi indicado em 2007 a cinco Cesar, o Oscar do cinema francês. Valérie Lemercier levou o prêmio de melhor atriz coadjuvante por sua atuação. Vale destacar as participações especiais do ator e diretor Sidney Pollack, no papel de um cineasta à procura de alguém para interpretar a escritora Simome de Beauvoir e de Christopher Thompson (co-roteirista do filme e filho da diretora) que interpreta o arrogante e bilioso filho do colecionador de arte. Não podemos esquecer de mencionar a engraçada camameira dos artistas, fanática por Charles Aznavour e que irá se aposentar no mesmo dia 17.

A história de um beijo: Robert Doisneau



Robert Doisneau, Le Basier de L'Hotel de Ville, 1950.

Muita gente quis estar no lugar desses dois. A identidade do casal que aparece se beijando apaixonadamente no famoso "Le Baiser de l’Hotel de Ville, Paris, 1950" foi um mistério durante mais de quarenta anos até que o fotógrafo francês Robert Doisneau (1912-1994) desmascarou a todos os que estavam de olho nos direitos autorais, dizendo-se protagonistas da romântica cena: em uma entrevista concedida em 1992, ele disse que Françoise Bornet e Jacques Carteaud, jovens estudantes de Artes Dramáticas na Simon, haviam sido abordados por ele em uma praça, em frente à Prefeitura de Paris. Doisneau procurara durante todo aquele dia um casal que pudesse posar para ele a pedido da Life Magazine para uma reportagem sobre jovens apaixonados. A foto, portanto, ao contrário do que parece, não tem nada de espontânea, nem de casual. Mas isso é o que menos importa. "Le Baiser" tornou-se um autêntico símbolo universal do amor romântico e do estilo de vida parisiense, um ícone da cidade-luz. Também não interessa que Françoise e Jacques tenham terminado o namoro poucos meses depois do famoso clique. A própria Françoise, anos mais tarde, encarregou-se de desfazer, mais uma vez, a aura romântica que envolve a fotografia. Num leilão promovido pela Artcurial Briest-Poulain-Le Fur ela, ao lado do marido, que conheceu em 1960, afirmou que "aquela era uma foto que nunca devia ter existido, talvez por isso queria se livrar dela, mais do que pelo dinheiro". Françoise colocou um dos originais de "Le Baiser de l’Hotel de Ville" (enviado a ela pelo próprio Doisneau) à venda por 20 mil euros para montar uma produtora de documentários para televisão. No concorrido leilão, em 25 de abril de 2005, a foto, no tamanho de 18x20cm, alcançou a marca de 155 mil euros, uma cifra surpreendente em se tratando de uma fotografia, mesmo tão famosa. O comprador da foto, arrematada por telefone, não quis se identificar.

saiba mais sobre Doisneau (Wikipedia; em francês)

domingo, 4 de janeiro de 2009

MONDAY MORNING (a saudade é um álbum de fotografias)

MONDAY MORNING
Monday Morning, direção por Jake Kovnat. Co-direção e fotografias por Philip Sportel. Com Kate More e George Claybourne, 4 min. Canção original: "Monday Morning", da banda canadense Major Grange [www.myspace.com/majorgrange]

VOLTEI


O painel de controle do meu blog me informa que a última postagem foi no já distante dia 03 de outubro de 2008. De lá pra cá, as coisas têm andado tranqüilas (até demais) em minha vida. Salvo as dificuldades do dia a dia, não levando em conta a tristeza e a solidão que são naturais e simples para mim. Atualmente, estou em férias do trabalho. Volto a trabalhar daqui a duas semanas. Tenho passado o tempo livre em atividades como navegar na Internet (estou baixando altos filmes), ler, dormir e caminhar por aí. Não tenho escrito mais. Isso é um resumo dos meus dias atuais, sem grandes aventuras mas também sem grandes decepções e frustrações - notadamente no campo afetivo - como as que eu tive esse ano. Não sei se deveria falar dessas coisas aqui. Mas posso garantir que, apesar de tudo, estou aí pro que der e vier, e que tive forças, presença de espírito e uma boa dose de paciência para encarar os tempos ruins que vieram; e certamente terei paciência, presença de espírito e forças para os tempos que virão. Estou aqui de novo, voltei para o meu mundo virtual, trazendo as notícias, as novidades, trazendo o que fui buscar. Aos meus poucos e bons visitantes, eu os convido mais uma vez a entrar em minha casa, na hora que quiserem.