sábado, 16 de junho de 2012

(sem título)

Como eu não tenho o que fazer a esse respeito
Vou deixar que aconteça o que tem que acontecer
Acima das minhas forças está me render ao que eu sinto

Vou parar de lutar contra mim mesmo
Para não perder

Já que não posso ter o que desejo
Vou apenas desejar
Que o próprio desejo se consumirá
Como o fogo que destrói tudo o que vê
para depois se apagar.

domingo, 10 de junho de 2012

RUA SÃO PAULO


(Andando na Rua São Paulo, uma tarde de domingo. Quatro e pouco. Pega o celular. Hesita. Disca uma vez. Erra o número. Começa de novo. Está chamando...uma voz feminina soa do outro lado da linha): Alô...
- Alô! Oi! Tudo bem? ...
- Oi! Achei que você não fosse ligar. Como vai? Quanto tempo, hem?
- É. Só que não tanto quanto eu falei no conto. Você já leu?
- Li. Gostei.
-Você reconheceu os personagens?
- (rindo)Sei não... Aquilo ali me lembra alguma coisa... conheço aquela pessoa que você descreve.
- Pois então. Eu te falei. Você acertou. Eu estava falando de você.
(Ela ri de novo) Quero direitos autorais. Afinal, a história não é sua. É minha.
- É sobre mim também. Mudei alguma coisa, só pra não te comprometer ainda mais. (agora é ele que ri).
- Você romantizou um pouco. Eu não sou tão...
- Mal dos escritores. Sempre exageram um pouco.
- Seu bobo...
- Espero que o Otacílio não fique bravo de eu ter falado mal dele.
- O nome dele não é Otacílio... alías, não tem Otacílio nenhum. Nem Otávio, nem doutorado na Alemanha. E, pelo que sei, seu pai está bem vivo ainda, eu não escrevi nenhum livro, não tou dando aula na pós, não tenho salário...e eu não viajei.
- Estava meio sem idéias, enchi um pouco de linguiça. Mas o essencial está ali. Eu queria inventar um encontro entre o meu personagem e você, era pra esclarecer as coisas, tentar entender o que tinha acontecido. Daí, bolei esse conto.
- Quanta imaginação...
- Às vezes, minha cara, a imaginação cura a realidade.
- Poxa, gastando, hem? De onde você tirou essa?
- Acabei de criar.
- Aquele e-mail que você mandou, me "convidando" para tomar um café, tá de pé ainda?
- Na hora que você quiser.
- Eu te ligo. Vou ter uns dias de folga semana que vem. Me conta as novas...
- Nada demais.
- Tá namorando?
- Não.
- Aqui, por falar nisso, essa história de ex-mulher, a tal que é "muito sistemática", é invenção sua também, não é?
- É. se fosse verdade, você seria a primeira a saber. E você, está com alguém?
- Também não.
- E a escola? Já formou?
- Não, é só no semestre que vem.
- Tá vendo? Na ficção, você já está na pós.
- Quem dera que isso fosse possível... ah, se tudo o que você escreveu fosse verdade!...
- A única verdade nessa história toda é que eu era apaixonado por você. Talvez eu ainda seja.
- Depois desse tempo todo?
- É.
- Mesmo depois que eu tomei aquele chá de sumiço, não respondia seus e-mails, quando respondia eu te tratava mal, cheguei até a bloquear você na minha caixa postal... depois disso tudo você ainda...
- Pois é. Acho que isso era amor.
- (...)
- Escuta... será que dava pra gente marcar um dia desses? Aí a gente podia conversar...opa, meus créditos estão acabando! Deu um bip aqui no meu celular...alô!alô... você está me ouvindo? Merda! Caiu.

sábado, 9 de junho de 2012

A SENSE OF HUMOR

Charlie é um comediante de stand-up que conhece e se apaixona por Laura, uma garota que nasceu com um raro distúrbio neurológico que a impede de rir. Ele fará de tudo para tentar arrancar uma gargalhada dela. Delicado, sensível, muito engraçado. Brilhante. Com Heather Morris, a Brittany do seriado Glee.

A SENSE OF HUMOR (Estados Unidos, 2012, 13 min. Escrito e dirigido por Nathan Larkin-Connoly; com Heather Morris e John Weselcouch)

sábado, 2 de junho de 2012

(SEM TÍTULO)

Perdão por não saber o que vai ser
Do passado trago o que não tenho mais, e de hoje eu não guardarei
As coisas que vou levar
Tenho apenas o presente instante
para dizer-te a que vim
Isso significa que minhas mãos estão vazias
não trouxe nada para te dar
Ainda assim, rogo-te que me aceite
no meio dos teus
Ainda que seja apenas para estar presente
Como o ar.

SÓ DE MIM


("Só de Mim", Portugal,2012. Roteiro e Direção: Ana Luisa Bairos, Joana Pacheco; com Diogo Lopes; música original: Alexandre Pereira)





"Tu não sabes quem eu sou, mas eu sei quem tu és... e só preciso de um minuto da tua atenção.
Espero que saibas a sorte que tens. O quanto eu gostaria de estar na tua pele. Poder estar na mesma cama que ela todas as manhãs. Ajudá-la a acordar da má disposição matinal.
Espero que saibas que ela não te vai falar enquanto não lavar os dentes. Não é por mal... é por medo de perder o encanto aos teus olhos. Que a consideres um ser humano comum.
Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta.
Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter mais cinco minutos de sono pela manhã. Que o despertador toca cinquenta vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar a horas.
Quero também dizer-te que ela adora histórias do fantástico. Mas não de terror! Que é capaz de saber o nome de todas as personagens de um livro antigo, mas que não se vai esforçar para decorar o nomes de todos os teus amigos à primeira...
Porque ela... ela é que sabe de si.
Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida.
Sabes? Ela não é romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo.
Ela não sabe cozinhar, mas vai esforçar-se para fazer o teu prato preferido. E se não estiver bom, ela vai rir-se do falhanço, em vez de corar.
E quando ela ri... quando ela ri eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza, mas porque cada gargalhada é como uma nota musical que toca ao coração e me faz querer dançar.
Ela é tudo o que eu queria e nunca soube que tive.
Aprende que a arritmia que sentes com ela é normal!
E que a falta dela é um vazio igual à morte.
Espero que sejas tudo aquilo que eu nunca fui.
Espero que a trates bem. Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre.
Pudesse eu ter lido o futuro..."