quarta-feira, 13 de julho de 2011

AOS QUE VÃO FICAR: MINHA VIDA SEM MIM

Em Minha Vida Sem Mim (My Life Without Me, Canadá/ Espanha, 2003, dirigido por Isabel Coixet e com produção de Pedro Almodóvar), Ann (Sarah Polley) descobre que vai morrer daqui a dois, talvez três meses, mas só ela (e o médico) é que ficam sabendo disso. Para o marido e as duas filhas, para a mãe, para as colegas de trabalho, Ann tem apenas uma simples anemia. Na realidade, o câncer nos ovários já se alastrou para o pâncreas e os rins. Mas não é por medo ou covardia que Ann esconde das pessoas queridas que vai morrer. Mesmo quando ela recebe o diagnóstico, não se descabela, não se desespera, sequer verte uma lágrima. Ann só tem vinte e três anos, e a vida não tem sido generosa com ela: trabalha à noite varrendo os corredores da universidade em que sempre sonhou estudar; A mãe (Debbie Harry, vocalista da banda Blondie), amargurada e fria, quase não fala com ela, e quando fala destila seu rancor e sua mágoa contra tudo e contra todos. Ann também não fala com seu pai, há dez anos preso. A felicidade de Ann são as duas filhas, Penny (Jessica Amlee) e Patsy (Kenya Jo Kennedy), e o amoroso e dedicado marido Don (Scott Speedman), que constrói piscinas, mas há meses está desempregado. A família mora num trailer no quintal da casa da mãe dela e é, para todas as aparências, unida e feliz. Quando descobre a iminência da morte, Ann toma para si mesma grandes resoluções: vai usar todo o pouco tempo que lhe resta para preparar as pessoas que ama para o dia em que vier a faltar. Assim, ela anota em um caderno a lista das dez coisas a fazer antes de morrer. As "tarefas" incluem, entre outras providências, registrar em fitas cassete mensagens para os aniversários das filhas até que elas completem dezoito anos, encontrar uma nova mulher para o marido, e experimentar um outro relacionamento só para ver como é, já que Don fora seu primeiro e único homem. O amante surge na figura de um estranho chamado Lee, que mora em um apartamento sem móveis (Mark Ruffalo, em brilhante atuação). Assim, serenamente, mantendo a rotina enquanto consegue manter-se de pé, Ann vai se despedindo sutilmente do mundo, sem alarme e sem alarde.Graças à direção segura e econômica de Isabel Coixet, Minha Vida Sem Mim não descamba para a pieguice, nem procura dar lições de vida e de moral, nem apresenta a morte como um drama lacrimoso, grotesco ou chocante: sequer se dá enfâse a degradação física provocada pela doença. A cena em que ela, literalmente, desaparece, é apenas um fotograma branco no filme. Assista o trailer.

Um comentário:

  1. Pelo seu post esse filme se parece muito com "Doce novembro" (Sweet November-2001)e o mais recente "O Amor e Outras Drogas"[ Love and Other Drugs-2010]. Por sua narração são filmes bem parecidos. =)

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