quarta-feira, 3 de setembro de 2008

OS FILMES

Assistir a um filme, uma interpretação imagética da fantasia e da realidade, uma representação da imaginação, a transposição da letra para a película, nunca foi para mim um mero entretenimento. Tá bom, tá bom, você vai dizer e eu sei que estou como sempre sendo radical em meus princípios. Afinal, o que é tem tem perder duas horas vendo bobagens na tela grande, só pra se divertir? Eu te explico: gosto de cinema, acho uma arte maior essa habilidade de criar a imagem para a palavra de um autor, concretizar a imaginação do roteiro, reinventar a realidade, tornar a fantasia possível, transportar-nos, por duas horas, para os nossos sonhos, tornando possível vê-los e entrar dentro deles. Assim é a experiência de um filme para mim. Eu preciso desejar ardentemente assistir a um filme, preciso esperar ansioso para que ele estreie, preciso do ritual de comprar o ingresso, sentar-me nas primeiras filas e absorver aquele momento me desligando completamente da vida lá fora. Só não quero ser confundido com esses cinéfilos chatos, que ficam debatendo a vazia questão da técnica que se sobrepõe à arte de contar uma história, que ficam discutindo essa ou aquela câmara, esse ou aquele plano, se o "travelling" coube ou não coube naquela cena. Me interessa apenas que o ator se entregue ao papel que representa, que seja o personagem, que o personagem pareça (que seja) de carne e osso, que seja real. É preciso que eu acredite que não é ficção, que não é imaginação, que depois que rolarem os créditos finais aquela pessoa continue a existir, para além da película, fora da sala escura, da tela retangular. Estou querendo dizer com isso é que um filme para mim tem que me despertar a imaginação, tenho que guardá-lo comigo como experiência por muito tempo depois de assisti-lo; preciso me apaixonar pela protagonista, preciso sentir o medo, o terror, a coragem, o amor, a dor, a força, preciso torcer pela vitória do bem contra o mal, pela reconciliação dos amigos, pela união do casal, pelo final feliz ou chorar o final triste para dizer que os 14 reais que paguei pelo ingresso foram bem empregados e as duas horas que fiquei no escuro valeram a pena.

Um comentário:

  1. Não sei como alguém pode não gostar de cinema.
    Sobre ficar esperando um filme chegar, acho que isso só aconteceu comigo em relação ao filme "The Simpsons" e agora com o filme do livro "Ensaio sobre a cegueira".

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