Quem sabe se minhas palavras toscas devem ser escritas para muitas pessoas? Será que elas cabem impressas em papel bonito, nas estantes junto com outros livros, ao lado dos poetas e dos cronistas? Ela me diz que eu deveria escrever um livro. Eu não sei se deveria fazer isso. Seria uma entrega voluntária, uma temeridade colocar o meu coração na praça, e à venda. Os escritores de verdade têm essa coragem: tudo o que pensam e sentem viram poesia, prosa, drama e comédia. Será que sou mesmo escritor? E, sobretudo, quanto as minhas emoções, sentimentos e segredos vão custar? é, necessário, porém, perder esse medo de ver as próprias palavras reproduzidas em exemplares iguais. É difícil entrar para esse clube, o dos escritores publicados - não quero dizer dos aclamados e premiados, ou daqueles que só foram reconhecidos pós-morte, quando o reconhecimento já não rende mais dividendos ao autor. Como fazer para imprimir alguns exemplares da minha obra incompleta e inconsistente, como agradar ao "público" e à "crítica"? Já sei que algumas pessoas mais queridas - ou mais generosas - gostam das minhas letras, algumas até acompanharam a evolução da minha escrita e elogiam a minha "qualidade literária". Delas eu já tenho esse reconhecimento e essa recomendação, delas eu já tenho o que um escritor precisa e persegue: ser a voz que lhes fala ao coração,e lhes impressiona a sensibilidade. Preciso de fato ampliar essa rede de condescendentes leitores e "apreciadores"?
Sim, preciso.
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