sexta-feira, 18 de julho de 2008
A LEI É SECA, MAS É A LEI
(charge de Duke, publicada em "O Tempo")
Toda hora sai alguma notícia sobre um ridículo episódio envolvendo o ato de beber e pegar no volante. São motoristas que mal conseguem se manter de pé, de entabular uma conversação inteligível com o agente os que estão nas ruas por aí, nesse exato momento em que escrevo, noite de sexta-feira, noite de "congestionamento", nos bares, nas lojas de (in)conveniência dos postos de gasolina, onde a galera costuma se reunir para se abastecer de latas e garrafas, além dos tanques dos seus possantes. A lei está sendo criticada até pelos mais renomados juristas, pela sua draconiana impiedade a mínima dose, ao mínimo gole. Mas, ora vejam senhores: quem, dentre os que apreciam a "água que passarinho não bebe", a "loira gelada" fica apenas no primeiro gole, se contenta com uma única dose? Se é indíce de "macheza" beber mais do que os outros, se o álcool generosamente distribuído e consumido em larga escala "faz parte" das reuniões sociais, das festinhas da turma, das baladas com a galera, da happy-hour com os colegas do escritório? A Lei, por mais rigída que seja, é sábia em proibir que se dê liberdade a um cidadão de ignorar que seus próprios limites e direitos, o subjetivismo de sua ação, possam ser mais legítimos que os da coletividade. Portanto, a lei seca ora em vigor é como educar uma criança mal-criada lhe retirando o brinquedo preferido: para que ela aprenda a usá-lo sem quebrar, sem machucar o coleguinha. A lei é seca, porque diz com todas as letras, sem margens a interpretações, que é pribido beber e logo depois sair de carro para arriscar a própria vida, e colocar a vida de todos em risco.
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