terça-feira, 5 de agosto de 2008

NERUDA

Não tenho postado nada de Pablo Neruda, meu poeta favorito. Eventos recentes me levaram a relê-lo em seus "Cem Sonetos de Amor". Busquei na imortal obra do poeta chileno um pouco da inspiração que me faltou, de como parece fácil para ele falar de amor à mulher amada, de como é simples e suave amar uma mulher. Posto aqui um desses sonetos, em sua versão original e na tradução impecável de Carlos Nejar. Essas palavras dizem, em espanhol e em português, tudo o que eu deveria ter dito.


PABLO NERUDA
(RICARDO NEFTÁLI REYES, 1904-1973)

CEM SONETOS DE AMOR (1959)

Soneto XLV

No estés lejos de mí un solo día, porque cómo,
porque, no sé decirlo, es largo el día,
y te estaré esperando como en las estaciones
cuando en alguna parte se durmieron los trenes.

No te vayas por una hora porque entonces
en esa hora se juntan las gotas del desvelo
y tal vez todo el humo que anda buscando casa
venga a matar aún mi corazón perdido.

Ay que no se quebrante tu silueta en la arena,
ay que no vuelen tus párpados en la ausencia:
no te vayas por un minuto, bienamada,

porque en ese minuto te habrás ido tan lejos
que yo cruzaré toda la tierra preguntando
si volverás o si me dejarás muriendo.

Tradução por Carlos Nejar

Soneto XLV

NÃO ESTEJAS longe de mim um só dia, porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.

Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência:
não te vás por um minuto, bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.

Um comentário:

  1. Nunca li Neruda, não sei o porquê.
    Assisti até a um filme sobre ele (infelizmente não me recordo mais do nome).
    Quando acabar a correria de vestibular vou procurar lê-lo.

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