domingo, 3 de agosto de 2008

QUEM É MESMO O ANIMAL?

Hoje à tarde eu vinha caminhando, como costumo sempre fazer, desde o centro da cidade até em casa, distante poucos minutos da Praça Sete de Setembro, se quiserem uma referência. Ao ganhar a rua Tenente Anastácio de Moura, quase chegando em casa, me deparei com uma cena tocante: um velhíssimo cão bem no meio da rua, prestes a ser atropelado pelos automóveis e ônibus que iam e vinham indiferentes. O cão era tão velho - não parecia ter raça definida e aparentava não enxergar muito bem - que quase não conseguia mais caminhar, arrastando-se com extrema dificuldade; tentei tocá-lo de volta para a calçada, cheguei até mesmo a carregá-lo, mas não teve jeito: deixei-o num canto, a sua própria sorte, para que ele, enfim, morresse à mingua. Certamente alguém deve ter feito isso antes de mim. O dono, provavelmente, não queria mais o estorvo de um cão velho, cego e doente em casa, e optou pela solução final: abandoná-lo no meio da rua. Já se falou muito em "posse responsável" de animais domésticos. Bichos abandonados nas ruas podem inclusive transmitir doenças graves como a Leishmaniose. Não significa que cão deva merecer tratamento "de gente": posse responsável é tratar o animal com carinho, alimentação saudável, vacinas em dia e higiene. É não deixá-lo à míngua quando a idade avançada chega, quando o pêlo perde o viço, quando ele já não consegue mais latir de contentamento quando o dono chega em casa. Os caras que bebiam num bar na esquina até riram de mim por causa da minha compaixão com aquele ser vivo largado na rua. Alguns transeuntes até chegaram a se solidarizar com a causa do cão, mas logo seguiam o seu caminho, provavelmente sem dar muita importância ao fato. Gosto de cães, embora não tenha nenhum a meus cuidados. Os considero os animais mais nobres e leais e, mesmo os vira-latas vagando a esmo pela rua têm uma certa dignidade, um certo brilho nos olhos, uma resignação com o seu destino errante que comove. Aquele cão ficou lá na Tenente Anastácio. Não sei mais o que é dele, se ainda vive ou se foi colhido por um auto apressado. Talvez ele seja capturado pela Zoonoses e será sacrificado em uma câmara de gás no Canil Municipal. Destino indigno para o chamado "melhor amigo do homem"

Um comentário:

  1. Eu te encontrei em outro blog e vim conhecer.
    Dei uma lida rápida em alguns dos textos do página principal.
    Posso ficar acompanhado as postagens e comentando de vez em quando?

    Thiago Assis

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