quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O SALVADOR DAS PÁTRIAS


charge de Duke, em "O Tempo" (21/01/2009)



"Yes, We Can".
Podemos?

A eleição do senador Barack Obama, 47 anos, o primeiro negro a ocupar a Casa Branca e um dos mais jovens a assumir o cargo tido como o mais importante do mundo, trouxe alento e esperança não só para os seus compatriotas, mas para quase o mundo inteiro. Antítese total do ocupante anterior da Salão Oval, ao contrário do atabalhoado e estouvado George W. Bush, autor de repetidas gafes, alvo da antipatia de quase todo mundo e tema predileto dos cartunistas, o simpático e carismático Obama está em lua de mel com a sua população. Por enquanto, exaltam-se as suas qualidades de excelente orador, de exímio articulador político, de ousado marqueteiro, de aglutinador de massas. Resta saber agora se, no dia a dia, recebidas as "heranças malditas" do(s) (des)governos anterior(es) Obama terá o mesmo jogo de cintura que exibiu no baile do dia da posse, se terá o mesmo dom de comover a todos com suas palavras bem redigidas e pronunciadas enfaticamente. O próprio Obama reconhece em seu discurso que os problemas e os inimigos são amplos e diversos. Obama sabe que o país que comandará nos próximos quatro anos estende sua influência política, sua força econômica e, principalmente, seu poderio militar, aos quatro cantos do mundo. Tudo que acontece nos EUA -de bom e de ruim - repercute em todo o planeta. Obama não pode ignorar que os EUA são responsáveis, pela sua política industrial e de meio ambiente, por boa parte do desequilíbrio climático que atualmente assola o mundo. Sabe que a Guerra no Iraque é um morticício inútil, que a situação só tende a piorar enquanto as tropas americanas por lá permanecerem. Obama deve conhecer muito bem sobre como o seu país interferiu nas questões internas de muitos países, quase sempre em nome dos interesses americanos. Obama sabe, sobretudo, que hoje em dia a crise bate a porta de seus compatriotas, toma-lhes as casas, os automóveis, a conta no banco e o emprego e tira-lhes o pão da mesa.
Mas que se acredite no que ele promete e propõe. Dê-se um voto de confiança ao jovem advogado de Chicago, ao jovem negro que fez o reverendo Jesse Jackson chorar ao anunciar "que na América tudo é possível", que evoca a memória de Martin Luther King e promete realizar o "sonho americano" da igualdade das raças. Os negros em toda a parte do mundo, do Brooklin a Soweto, já elegeram Obama como seu mais novo representante, como o mais novo abolidor, o messias tão esperado, o Dom Sebastião dos sonhadores, o Super Homem, o Salvador da Pátria. Obama, é claro, está longe de ser, sozinho, a solução de tudo. Dependerá muito de como ele e sua equipe conduzirão as coisas daqui pra frente. Vai depender de como os EUA vão propor saídas negociadas para os conflitos em que estão envolvidos. Vai depender da extinção de Guantánamo, de guardar os mísseis, de trazer seus soldados de volta para casa. Vai resolver se os americanos tiverem seus empregos outra vez, e a economia voltar a crescer, os pregões das bolsas de valores fecharem em alta, as automobilísticas pararem de demitir e de pegar dinheiro do governo. Isso tudo "dá pra fazer" como diria um político daqui de Minas que foi candidato a prefeito de Belo Horizonte.
Can We? Yes, We Can. (Podemos? Sim, Podemos). Se quisermos.

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