sexta-feira, 21 de agosto de 2009

UM ANO DEPOIS

Ontem (2o de agosto) fez um ano que fui a Faculdade de Letras pela última vez. Quem acompanha o Menino sabe o quanto eu gostava desse lugar. Sabe que lá eu fiz vários amigos, que vivi os melhores dias da minha vida; sabe dos apertos que enfrentei lá, das alegrias e tristezas que tive; sabe que eu amei e aprendi, que eu ajudei e recebi ajuda; que eu fui homenageado e execrado, que venci e que às vezes me rendi sem ter lutado. No dia em que voltei para rever tudo, um fato trágico aconteceu: o João Luciano, cadeirante, matou-se dentro de uma sala de aula, supostamente motivado pela paixão por uma professora do curso de alemão, uma de suas musas loiras. A "obcessão" pelas moças de pele clara era pública e notória no caso do João. Mas tirando essa "bizarrice", ele era um cara extraordinário, extremamente inteligente e sensível, apesar de algumas idéias um tanto quanto radicais; sentado naquele cadeira, havia um ser humano como qualquer um de nós, com todos os defeitos, mas com algumas qualidades que só ele tinha, o que o tornavam o que ele verdadeiramente era, sem a pecha do preconceito e da imbecilidade com que algumas pessoas se referiam a ele, justamente por não conhecê-lo direito. Um dos "universiotários" presentes à fatídica noite de 20 de agosto, na confusão em que se tornou o corredor, com o pessoal do SAMU, a polícia e os jornalistas, saiu-se com a seguinte pérola: "Se ele não morrer, o máximo que vai acontecer é ele ficar paralítico". Deu vontade de xingar o infeliz, mas eu fiquei calado. Não valia a pena discutir com o idiota.
Aquele dia não foi só esse episódio trágico, não. Revi várias pessoas queridas, fui celebrado e festejado por muitos, coloquei em dia várias "fofocas", matei a saudade de (quase) todo mundo. Gostaria de ter visto e de ter falado com uma certa pessoa, que não vi e com quem não falei.
Tudo isso fez um ano. Não sei se se repetirá. Não sei se as pessoas ainda estão lá.

Um comentário:

  1. oi olavo,

    é, as coisas estão bem diferentes lá pelos lados da letras. até nosso amigo fez uma performance única: a trágica cena de crime passional contra si mesmo. desse episódio eu só fiquei sabendo, mas tb compartilho com vc os sentimentos confusos sobre o caso até hj.

    pois bem, pessoas novas lugar espacial consequentemente novo. qd vou lá renovar matrícula encontro pouca gente conhecida. e aquele sentimento do milharal ser a estensão do quintal da nossa casa se esfumaçou e foi parar no quadro das boas recordações.

    isso é nostalgia, meu amigo.

    adorei o conto acima.
    demais.
    saudades olavo.
    bjs

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