domingo, 1 de junho de 2008

Noites Brancas: leia o livro, veja o filme, assista a peça, ouça a canção...




Trailer de Noites Brancas


Já falei aqui antes de Noites Brancas, a peça, com a Débora Fallabela e o Luiz Arthur. Já se sabe que eu sou suspeito para falar bem desse espetáculo, dadas as circunstâncias em que tomei contato com a linda e trágica história de amor do Sonhador Sem Nome e da menina Nastenka em São Peterburgo e com que intensidade e entrega os atores a viveram no palco. Noites Brancas é, na origem, um romance escrito pelo grande autor russo Fiódor Dostoiévski, publicado em 1848. Muitos torcem o nariz para as adaptações fílmicas e teatrais de grandes obras literárias ou, para ser acadêmico as "traduções intersemióticas" entre os diversos gêneros narrativos. Agora queria falar um pouco sobre o filme (assista ao trailer) dirigido por Luchino Visconti, lançado em 1957, e que ganhou a Palma de Ouro daquele ano em Cannes. A São Petersburgo de 1848 é transportada para uma Livorno de meados do século 20 (reconstruída com requintes de realismo num estúdio da Cinnecitá) , em uma época que evoca o pós-guerra mundial. Marcelo Mastroianni é Mário (ele não tem nome no romance de Dostoiévski) um trabalhador pobre, que vive numa decadente pensão suburbana - bem ao gosto da corrente neo-realista do cinema italiano da época. O único interesse do rapaz naquela noite branca é encontrar alguém (leia-se uma prostituta) para se divertir um pouco e aplacar o tédio e a solidão. O que ele não sabe ainda é que Natalia vai aparecer dali a pouco, na figura de uma mocinha que chora copiosamente sobre uma ponte. Condoído e ao mesmo tempo interessado, Mario se se aproxima e tenta puxar conversa, saber por que aquela garota está em prantos. Ela percebe e se esquiva dele. Um acaso vem em seu favor: um bando de motoqueiros arruaceiros começam a importuná-la e Mario, dando uma de valente e de protetor de mocinhas frágeis e delicadas, os afugenta. Conversa vai e vem, encontro marcado para o dia seguinte. A longa noite passa e chega a hora de os dois se reverem: aí então a razão das lágrimas se revela: um homem misterioso estava por chegar ontem, e ele não veio. É o mesmo que tinha prometido, um ano antes, que viria para levá-la, quando conseguisse se ajeitar na vida; viria para tirá-la daquela casa em que ela vivia com a avó cega e a criada surda e literalmente presa a barra da saia da primeira, para não repetir as estripulias típicas de uma adolescente orfã de pai e mãe. A espera se torna angustiante pelo princípe encantado que não vem. Mario, sem querer (querendo) vai se apaixonando por Natalia, e ao mesmo tempo a ajuda a tentar encontrar o prometido. Quatro noites dura a angústia, quatro noites prometem a felicidade, mas tudo pode acontecer em quatro noites. Você deve conhecer uma história parecida: o rapaz ama a garota, mas não consegue dizer que a merece mais do que aquele que a deixou com a vaga promessa de um dia voltar. Mario dá conselhos e consolo, ajuda a escrever cartas, aplacando em seu coração "tão tosco e tão pobre" a paixão que sente, e não deseja tão sinceramente assim que o outro apareça para levá-la. O que ele quer mesmo é que o desconhecido nunca apareça.

Um comentário:

  1. Estou realmente precisando assistir... ler, ver a peça, qualquer coisa, rssssssss.

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