terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Mais versos meus

(PARA A.R.)

CASUALIDADE

De qualquer momento em diante
Desde este seu de repente
Pudera fosse antes
Até o futuro que não sabemos quando
A partir do instante
Onde quisermos que o começo seja
Ficamos por dizer quando seremos
Neste caso ficamos onde estamos
E ainda não sabemos o que somos

RECADO A UMA ESTRANHA

Desde que chegaste,
Eu só te espero chegar
Sem saber de ti
Ao longo de horas por dia
Às vezes, como um raio fulgurante
Suponho ter te visto passar
À distância
Mas, com minha insistência
Quase te consigo tocar,

Percebe-se isso pela urgência
Com que horas e horas vêm se despedindo
E é tão claro como um clarão repentino
Contra um breu
E, depois, dorme outra vez.

MÚTUO ESTRANHAMENTO

Se você não sabe nada
Tudo bem
Eu também não sei direito
A gente pode, assim, se assustar
Duas vezes
Não te perguntei nenhuma coisa
Porque não duvidei
Quase todo segredo que eu guardei
Ou eu perdi
Eu te entreguei

EXPLICAÇÃO DA MINHA POESIA

E você ainda acha que eu não falo
No que penso quando escrevo?
São todas as coisas: o bom do dia, isso que ficou da tua palavra
Ou quase tudo que dissemos de passagem
Se o motivo não está claro, olhe-se no espelho
E, de súbito, a razão vai te ver sorrindo
Cerco-me de metáforas, ditos estranhos
Aludindo a outros segredos que não entrego
Mas o que me exalta, inspira e impele
É a única palavra que não digo.

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